O Poço (Netflix) e o mundo corporativo

O Poço (Netflix) e o mundo corporativo

Pensar numa empresa como uma grande pirâmide, onde as grandes decisões estão no topo e a base é diretamente impactada é das imagens mais clichês do mundo corporativo. O Poço, filme lançado agora em 2020 na Netflix, traz uma perspectiva exata de um mundo onde a distribuição de renda, nesse caso a comida, é dissolvida a cada nível em que passa.

Fazendo uma relação direta com as empresas ditas tradicionais, O Poço traz um retrato exato de como o topo da hierarquia parece tomar as melhores decisões possíveis e como isso ecoa em cada nível abaixo da alta administração [cuidado, contém SPOILER].

Veja o trailer de O Poço

Se ainda não assistiu, corre lá na Netflix, assista e depois volte para nosso artigo.

O Poço não é uma visão surreal do que ocorre nas empresas

Montar uma empresa, desenhar a sua cultura, como ela interagirá com colaboradores, parceiros e clientes e depois reinar absoluto no Olimpo da alta administração, essa é a trajetória mais conhecida no empreendedorismo brasileiro.

Pequenos comerciantes se tornaram grandes empresários ao longo do tempo, pensaram em uma empresa em que todos tivessem voz, participassem das decisões, mas depois que crescem a coisa fica muito difícil de controlar.

Por mais que queiram manter sua percepção de empresa ideal em funcionamento, acabam esbarrando na cultura, conceitos e ideias de quem vem logo abaixo. O apetitoso jantar idealizado lá em cima vai se transformando em uma refeição indigesta a cada nível que passa e, com certeza, não chegará lá no nível mais baixo.

Quanto mais fundo o poço, pior é a comunicação

Uma boa comunicação interna é a base da quebra hierárquica como ainda conhecemos. Respeitar as necessidades de cada nível do poço ou da pirâmide, criar canais que deem voz a estes níveis, fazendo com que as decisões tomadas na parte mais alta sejam baseadas na percepção de cada nível, o que eles vivem na rotina e o que tem a ajudar no seu planejamento.

No caso do filme, ouvir as instâncias inferiores criaria uma nova forma de distribuir a comida, mas é claro que, no caso do O Poço, este não era o objetivo. Mas as empresas tem muito a ganhar com isso. Vamos lembrar que a execução de toda estratégia criada nos níveis mais altos será realizada pela base da pirâmide, ou pelo fundo do poço.

Estes são os soldados que estarão na linha de frente, alinhamento com eles não é só uma questão humana ou de respeito, é questão estratégica, pois o seu cliente será diretamente impactado por aquilo que estes soldados executarão.

Falamos um pouco sobre a importância da comunicação interna neste artigo: Benefícios da comunicação interna, confira!

As regras devem ser claras

Quando o personagem principal e a inspetora do poço topam em entrar dentro daquele inferno, eles não tem exatamente a certeza de quais são as regras. Olhando de fora tudo parece funcionar, parece justo, parece moderno.

Em tempos de Startups e empresas joviais e “modernas”, compramos o ambiente como um rótulo bonito e amigável, mas internamente pode ser que a coisa não seja bem assim.

Pense bem, Oreng, personagem principal vivido pelo ator espanhol Ivan Massagué, entrou apenas para parar de fumar. Olhava de fora e entendia ser aquilo um modelo justo. Dentro a coisa era bem diferente.

Quanto mais alto o nível, melhor era a percepção daquele lugar, mas no mês seguinte acordava, literalmente, no fundo do poço, e já não parecia a mesma coisa.

Deixar as regras claras, fazer o famoso “acordo” com cada colaborador: quais são suas metas, suas responsabilidades, dar feedback correto e periódico, ajuda muito a melhorar a percepção da empresa, independente do nível em que seu colaborador “acordou” neste mês.

Não existe salvador da pátria se não vier de cima

Imoguiri (Antonia San Juan) está no final da vida, já imaginava o que se passava lá dentro do Poço e resolve entrar para “salvar a pátria”. Sem voz, por não ser a “manda-chuva” e não ser reconhecida por ninguém, em nível algum, ela não consegue se impor e fazer a cultura ser alterada em benefício de todos que ali estão.

A cultura empresarial é um tema delicado demais. Lembremos que empresas são feitas de gente. Cada um com sua percepção de valor, personalidade, forma de encarar o mundo e anseios. Deixar a cultura de uma corporação redonda demanda tempo, dinheiro e um esforço tremendo em todos os níveis, mas só cola se começar de cima.

A personagem de Antonia San Juan entrou no meio do poço, por mais que gritasse o óbvio, não tinha voz suficiente para causar a mudança necessária naquela estrutura. Foi, literalmente, devorada pelo sistema!

E quando a voz de quem está embaixo chega lá em cima

Eis que Oreng tem uma ideia brilhante para fazer a insatisfação de todos chegar lá em cima. “A Panna Cotta” é a mensagem! Um esforço hercúleo para fazer acontecer, mas o que temos é a leitura de uma alta administração que não entende o que o fundo do poço quer dizer. Fazer a sobremesa chegar ao fundo do poço e voltar intacta lá pra cima não surtiu o efeito esperado. Acharam que ninguém comeu por conta de um fio de cabelo.

Sem conhecer as reais necessidades dos níveis inferiores e diante uma soberba incrível, porém foi mais fácil analisar dessa forma do que realmente entender o que acontecia e tomar decisões mais profundos para tratar as injustiças que ocorriam ali.

Já viu isso antes? É obrigação da alta administração percorrer todos os níveis, fisicamente descer em cada um deles, conversar, entender, compreender, pois o telefone sem fio criado pela hierarquia de nada ajuda a traçar exatamente o que acontece dentro da sua própria empresa. Veja com seus próprios olhos e tire suas conclusões.

Não desdenhe da famosa caixinha de “Sugestões”, ela fala muito sobre como seus colaboradores se sentem, do que realmente precisam e o que, de verdade, valorizam dentro da empresa.

Quer saber se uma boa estratégia de comunicação interna e endomarketing funcionaria para reverter um quadro tão desastroso como esse em uma empresa? Vou deixar a resposta para o carismático Trimagasi:

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